Sou uma das quatro pessoas que foi pega após a retirada da tropa de choque.
Ontem foi um dia de muito aprendizado, porém de uma feiura sem tamanho.
Como se acomodar em sua cadeira e continuar a comer quando se vê a tropa de choque avançar em direção a um grupo desarmado, pacífico e que é formado também por idosos e crianças?
Após o ocorrido, passei uma noite difícil, não por sentir arrependimento ou medo, mas sim por sentir vergonha. Vergonha pelos que usam a força contra os que são iguais a eles. Vergonha pelos que não enxergam que são instrumentos de uma ideologia que pouco se importa com eles. Vergonha porque não enxergam a verdade e são capazes de bater, ofender e amedrontar idosos, crianças, pessoas desarmadas e mulheres.
No fim da noite questionei meu amigo porque tinha a sensação de que na hora que fomos "para a parede", fui a mais questionada, ofendida e que recebeu "olhares feios". A resposta era obvia: mulher.
Porém, os que usam a força (ou os que mandam que usem) não entendem que todos que entram na luta, não irão sair por medo ou por cansaço, pois são comprometidos com a transformação da sociedade. Sociedade esta que deverá ser justa com TODOS, deverá permitir condições igualitárias REAIS a todos. Enfim, uma sociedade onde não haja espaço para a exploração, alienação e uso de força para justificar desigualdades e elites.
Finalizando, gostaria de dizer que os que usam (ou mandam que usem) a força, não percebem que quanto mais batem, quanto mais gritam, quanto mais querem assustar, mais nos dão motivo, força e coragem para seguirmos na luta.
"Me atiro do alto e que me atirem no peito... Da luta, não me retiro". (O teatro mágico)
A.C. - servidora
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